A proposta ao redigir este blog, Opinião, um texto para ler, avaliar, criticar e se posicionar, por meio de atitudes!, é de abordar assuntos que vão desde temas ambientais, profissionais e pessoais, deixando uma mensagem crítica com relação a eles e expressado mais uma de nossas FACETAS!
Não se pretende por meio da coluna obter apoio, muito pelo contrário, busca-se a avaliação, a crítica e o posicionamento dos leitores frente ao tema, exercitando a cidadania no ato de repensar nossas atitudes, fazendo com que cresçamos como pessoas. Além das críticas, sejam elas favoráveis ou contrárias a idéia apresentada no texto, o importante é que a leitura da coluna resulte em atitudes afirmativas frente ao problema tratado.
Pensar diferente não é o problema, o problema é não pensar!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Um país de "espertos"...

Moacir Jorge Rauber

O Brasil sempre foi um país de “espertos”. É uma questão de orgulho nacional parecer esperto, vender a imagem de que “se deu bem”. Assim, em detrimento de costumes e tradições que defendiam valores éticos e morais, sobrepuseram-se hábitos vinculados a esperteza, a safadeza, mas com a característica da malemolência brasileira. Aquela ginga em que além de ser “esperto”, de levar vantagem, é importante parecer “esperto”.

Por isso, num país onde a população “esperta” se acha no direito de saquear qualquer carga transportada por caminhões que tombe numa rodovia federal após um acidente, inclusive na presença de Policiais Rodoviários Federais, “otário” é aquela pessoa que tenta proteger o patrimônio de terceiros.

Num país onde os moradores “espertos” de um bairro arrancam, depredam e levam uma construção inteira, após a aquisição do imóvel pela prefeitura, “otário” é aquele cidadão que não aproveita a oportunidade para levar para casa alguns tijolos, algumas madeiras ou senão alumínio para depois revender.

Num país onde os motoristas “espertos”, desrespeitam os sinais de trânsito, como semáforos e faixa de pedestre, nas cidades, e as faixas contínuas e os limites de velocidade, nas rodovias, ultrapassando pela contramão, usando o acostamento como pista, “otário” é aquele motorista que segue os procedimentos de segurança indicados pela legislação de trânsito.

Num país onde ao se encontrar uma carteira com documentos de terceiros que tenha dinheiro, até se devolve aos seus donos, mas as pessoas “espertas” que a encontraram se acham no direito de ficar com ele ou de pedir uma compensação aproveitando-se da situação, é “otário” aquele que não tira nenhuma vantagem, tão somente devolvendo o objeto.

Num país onde para estacionar em lugar público gratuito, você é coagido a pagar para alguns elementos da população “esperta” que se apossaram da área, “otários” são as pessoas que se recusam a pagar e depois tem seu veículo danificado.

Num país onde as pessoas “espertas” criticam a falta de limpeza, mas jogam lixo pela janela do apartamento, do carro ou do ônibus, “otários” são aqueles que cuidam do seu lixo.

Num país onde as casas devem ficar trancadas, os apartamentos parecem fortalezas, com vigias, seguranças, câmeras de vídeo e acompanhamento 24 horas, porque senão os “espertos” de plantão levam tudo de todos, “otários” são aqueles não tomam tais precauções.

Num país onde quem simplesmente encostar a bicicleta para comprar um pacote de açúcar no mercado, sem cadeá-la em alguma estrutura fixa é “otário”, porque um integrante da população “esperta”, que está “ligado”, a leva sem escrúpulos em questão de segundos.

Num país onde professores universitários “espertos” fazem um acerto para repor perdas salariais temporárias com prazo determinado para acabar, aproveitam-se das distrações dos mantenedores para incorporar tais benefícios de forma permanente aos seus salários, “otários” são os professores que não concordam com essa posição.

Num país onde funcionários públicos, com jornada semanal de quarenta horas, chegam atrasados, saem sem justificativa para resolver assuntos pessoais e, muitas vezes, atendem mal aos contribuintes, são “espertos”, enquanto os que realmente cumprem com as funções e obrigações para as quais foram contratados são os “otários”.

Num país onde se cria uma comunidade virtual de entretenimento, mas que serve de fonte de informações para que “espertos” usuários as usem para planejar e executar roubos, furtos e assaltos, são “otários” os usuários que somente a usam para se divertir.
Num país formado por tantos “espertos”, a sua representação política somente poderia ser formada por “espertos” deputados, senadores, ministros e até por um “esperto” presidente que nunca sabe de nada. Isto porque o que realmente incomoda boa parte dessa população “esperta” não são os crimes de desvio de verbas públicas, mensalões entre outros, cometidos pelos “espertos” representantes do povo, mas o fato de eles serem “otários” por não terem conseguido chegar lá.
Por fim, num país onde predomina o pensamento de ser “esperto”, valorizando a malemolência e a ginga do safado gente boa, somente poderia ser transformado num país de “otários”!

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