A proposta ao redigir este blog, Opinião, um texto para ler, avaliar, criticar e se posicionar, por meio de atitudes!, é de abordar assuntos que vão desde temas ambientais, profissionais e pessoais, deixando uma mensagem crítica com relação a eles e expressado mais uma de nossas FACETAS!
Não se pretende por meio da coluna obter apoio, muito pelo contrário, busca-se a avaliação, a crítica e o posicionamento dos leitores frente ao tema, exercitando a cidadania no ato de repensar nossas atitudes, fazendo com que cresçamos como pessoas. Além das críticas, sejam elas favoráveis ou contrárias a idéia apresentada no texto, o importante é que a leitura da coluna resulte em atitudes afirmativas frente ao problema tratado.
Pensar diferente não é o problema, o problema é não pensar!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Brasileiros fazem em Portugal o que não fazem no Brasil

Moacir Jorge Rauber

Houve um tempo em que ser brasileiro em Portugal era sinônimo de alegria, de irreverência e de simpatia, diferentemente de hoje em que os adjetivos pelos quais somos designados, em sua maioria, sequer merecem ser citados. Mesmo assim é muito comum que se encontrem brasileiros em praticamente todas as cidades portuguesas, desde as maiores até as menores. Muitos deles com pouca qualificação profissional, trabalham em subempregos, cumprindo jornadas diárias de 12 a 14 horas, com baixos salários e condições de vida difíceis. Por fim, trabalham em funções que no Brasil a grande maioria não se dignaria a exercer.

Ouvi brasileiros estudantes dizerem em alto e bom som o quanto o nosso país é maravilhoso, enquanto Portugal é atrasado econômica e culturalmente, angariando a antipatia local. Vi outros brasileiros perambulando pela cidade a pedir esmolas, denegrindo a já combalida imagem brasileira. Ouvi falar do grande número de mulheres prostitutas, contribuindo para aumentar uma má fama instituída, mas completamente imerecida das brasileiras. Também vi aqueles que trabalham como lavadores de pratos em restaurantes, frentistas em postos de combustíveis, “flanelinhas” em estacionamentos e limpadores de banheiros, entre outros trabalhos, na sua grande maioria em situação ilegal no país. Dificilmente esses brasileiros conseguem auferir bons salários, porque somente conseguem uma vaga aceitando as condições de quem também desrespeita a lei. Sofrem assim, calados a discriminação. Essa discriminação, legalmente proibida, acontece a partir do momento que um brasileiro se expressa e o interlocutor português percebe a origem. Ela pode ser por meio de um olhar carregado, de um atendimento indelicado ou mesmo de forma mais ostensiva com recriminações.
Por isso me pergunto por que então continuam a vir tantos brasileiros para Portugal e mesmo a outros países europeus, onde a imagem do brasileiro tampouco é boa? Chegam sem um trabalho formal contratado, apenas com o sonho e a ilusão de se dar bem, enfrentando situações difíceis as quais não se obrigariam no Brasil. Quando conseguem trabalham em condições inaceitáveis nas empresas brasileiras, seja pela carga horária excessiva ou pela falta de garantias individuais e constitucionais. E pior, a faixa salarial para os ilegais, na esmagadora maioria dos casos, é muito baixa, girando por volta dos trezentos e cinqüenta euros. Um salário desses consegue-se no Brasil, com bem menos esforço e sacrifício, além da humilhação muitas vezes sofrida pelo simples fato de ser brasileiro. Deste modo, caso esses brasileiros trabalhassem no Brasil da mesma forma como são obrigados a trabalhar no exterior, certamente conseguiriam alcançar por lá o que buscam por aqui.

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