A proposta ao redigir este blog, Opinião, um texto para ler, avaliar, criticar e se posicionar, por meio de atitudes!, é de abordar assuntos que vão desde temas ambientais, profissionais e pessoais, deixando uma mensagem crítica com relação a eles e expressado mais uma de nossas FACETAS!
Não se pretende por meio da coluna obter apoio, muito pelo contrário, busca-se a avaliação, a crítica e o posicionamento dos leitores frente ao tema, exercitando a cidadania no ato de repensar nossas atitudes, fazendo com que cresçamos como pessoas. Além das críticas, sejam elas favoráveis ou contrárias a idéia apresentada no texto, o importante é que a leitura da coluna resulte em atitudes afirmativas frente ao problema tratado.
Pensar diferente não é o problema, o problema é não pensar!

sábado, 10 de maio de 2008

Faxineiro ou Colaborador, qual a diferença?

Moacir Jorge Rauber

Estava totalmente absorto em meus pensamentos, sentado num dos lugares mais propícios para o exercício da abstração. Lugar iluminado de onde surgem inspirações as mais diversas para a resolução de muitos problemas, bem como idéias absolutamente absurdas e inúteis. O espaço onde eu estava era exageradamente grande, assim como de todas as instalações do banheiro, pois ele era usado por mais de cem pessoas diariamente, exceto neste período de férias. O silêncio e o isolamento eram encantadores, principalmente para o que eu estava fazendo, mas repentinamente foi quebrado pela chegada de alguém. Ouvi seus passos, mas somente pude identificá-lo quando se aproximou da linha de pias e torneiras bem em minha frente, que eu via pela fresta deixada pela porta estilo saloon do velho Oeste. Para minha surpresa o rapaz encostou numa das pias, normalmente usada por todos para lavar as mãos, escovar os dentes e outras rotinas da higiene pessoal, e urinou tranquilamente, como se ali fosse o local apropriado para esse fim. Fiquei impressionado e revoltado. Ele não me havia visto, mas eu sim. Por isso falei: “Faxineira ou colaboradora?” Ele se assustou.

Fiz esse comentário porque justamente naquela manhã, enquanto tomávamos café, outro colega nosso teve um pequeno acidente deixando cair seu copo de leite. Ao ver o tamanho da sujeira no chão exclamou: “Caramba, vou ter que chamar a faxineira!” Ouvindo essa exclamação o rapaz que urinou na pia disse, em tom de censura: “Não se chama mais uma pessoa que faz serviços gerais de faxineira, pois ela é uma colaboradora”, e continuou explicando que o termo desqualifica e desmerece a pessoa que executa esses trabalhos, entre outras alegações. Concordo que, se possível, devemos ir adequando as terminologias usadas para o tratamento das pessoas e das profissões, humanizando-as e retirando delas toda a carga pejorativa possível. Temos assistido a evolução de inúmeras terminologias nas empresas e no cotidiano. Nas empresas vemos debates e discussões sobre o uso de expressões como Departamento de Pessoal, Área de Recursos Humanos até chegar a Gestão de Pessoas. No relacionamento com as pessoas assistimos a evolução da terminologia usada no tratamento das Pessoas com Deficiência, que iniciou com o termo Deficiente, passou por Pessoas com Necessidade Especiais e chegou àquela. Todas essas discussões que levam a evolução das formas de tratamento são válidas, mas acredito ser muito mais importante a adequação do comportamento e das atitudes das pessoas para com os seus semelhantes, sejam eles de profissões menos reconhecidas ou de minorias.
Especificamente neste caso o colega que urinou na pia fez todo um discurso daquilo que considera ser politicamente correto, mas por outro lado desmereceu não somente a profissão de faxineiro, mas principalmente a pessoa que ele conhecia e que fazia o serviço diariamente. Esta profissão é uma das mais merecedoras de nossa admiração e nosso respeito, não somente pelo uso adequado da terminologia com que a designamos, mas principalmente pelo respeito com que tratamos aqueles que a exercem. Transforme o faxineiro em colaborador pelas atitudes, não pelo discurso.

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