A proposta ao redigir este blog, Opinião, um texto para ler, avaliar, criticar e se posicionar, por meio de atitudes!, é de abordar assuntos que vão desde temas ambientais, profissionais e pessoais, deixando uma mensagem crítica com relação a eles e expressado mais uma de nossas FACETAS!
Não se pretende por meio da coluna obter apoio, muito pelo contrário, busca-se a avaliação, a crítica e o posicionamento dos leitores frente ao tema, exercitando a cidadania no ato de repensar nossas atitudes, fazendo com que cresçamos como pessoas. Além das críticas, sejam elas favoráveis ou contrárias a idéia apresentada no texto, o importante é que a leitura da coluna resulte em atitudes afirmativas frente ao problema tratado.
Pensar diferente não é o problema, o problema é não pensar!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Perdemos até para as galinhas...

Moacir Jorge Rauber

Quem conhece um sítio ou regiões do interior, sabe que os pequenos agricultores criam suas galinhas soltas pelo quintal. Normalmente elas andam em bandos se deslocando num raio de até quinhentos metros do seu galinheiro, com o qual elas têm uma ligação muito forte. Muitos sítios ficam próximos a estradas e a rodovias o que faz com que elas cruzem para o lado contrário de onde fica localizado o seu galinheiro. Podem estar elas ciscando tranquilamente, sem nenhum tipo de perigo, mas ao perceber a aproximação de um veículo o instinto lhes desperta uma angústia e uma necessidade de voltar para casa, o seu galinheiro. A galinha, esse animal bípede, tem pouca ou quase nenhuma inteligência considerado irracional, que sobrevive basicamente de seus instintos. Como a inteligência é pouca e a noção espacial em relação com a velocidade de aproximação do veículo é inexistente, muitas das galinhas morrem ao tentar retornar para casa. Este fato acontece mesmo que naquela rodovia, onde a galinha está a beira ciscando, passe tão somente um veículo por dia. A galinha poderia simplesmente deixar o carro passar e voltar para casa depois. Mas ela não tem discernimento para isso.

Esta mesma situação pode ser registrada diariamente nas pequenas, médias e grandes cidades brasileiras, no comportamento de outro animal bípede, o homem. Embora, diferentemente da galinha, o homem é um animal racional, sobrevivendo em função da sua racionalidade, com muito menos influência dos seus instintos. Mas em determinadas situações, provavelmente, o instinto lhes desperta essa mesma angústia e a necessidade de alcançar certo desejo naquele exato momento, não importando as conseqüências do ato. Tome-se como primeiro exemplo a aproximação de um motorista a um semáforo. Ele se encontra a trinta metros de distância, o sinal fica amarelo. O normal seria que ele freasse o carro, esperasse três minutos e passasse tranquilamente no próximo sinal verde. Mas o que acontece é que ele, instintivamente, acelera e passa como se aquela fosse a última chance, a última vez que semáforo fosse lhe dar a oportunidade de seguir em frente, gerando, em muitos casos, acidentes de atropelamento, batidas e outros tumultos. Tal e qual uma galinha. Outro exemplo que se pode citar, que reflete um comportamento muito semelhante ao de uma galinha, é com relação ao pedestre que vai cruzar num ponto onde não há faixa adequada. Ele pára, olha para os lados e vê a aproximação de um veículo. Acredita-se que deva pensar consigo mesmo “Ainda dá tempo!” e se atira para o outro lado. Muitos deles ficam estatelados nos pára-choques dos veículos, como as galinhas, sem conseguir cruzar a rua. O pior disso é que poderiam ter deixado o carro cruzar, aguardar alguns segundos ou minutos, realizando a travessia com toda a segurança. Esse mesmo comportamento pode ser observado na porta dos elevadores. A porta já está fechando, o elevador está praticamente lotado, mas um instinto maior do que a razão faz com que a pessoa meta a mão na fresta que ainda resta para que as portas se fechem totalmente, no ímpeto de não perdê-lo. Isto tudo como se o elevador não fosse fazer esse mesmo percurso tantas vezes quantas forem dados os respectivos comandos. Mais uma vez estão lá “as galinhas” com suas mãos presas na fresta de elevadores, que muitas vezes estão com os sensores pouco sensíveis, provocando lesões nos usuários. E o que dizer então quando duas “galinhas” enxergam uma vaga livre num estacionamento quase lotado? Caso estejam numa distância parecida e a percebem quase simultaneamente, surge um desespero em ambos, que disparam a toda velocidade em direção àquela vaga como se jamais fosse possível encontrar outro lugar para se estacionar. Essa situação chega a provocar brigas e confusões dignas de uma rinha de galos. E assim, poder-se-ia citar outros exemplos do comportamento humano parecido com o comportamento das galinhas, onde há pouco ou quase nenhum discernimento.
Após essas simples ponderações sobre a semelhança entre os comportamentos dos homens e das galinhas, devem-se fazer algumas observações. As galinhas têm o seu comportamento ditado pura e simplesmente pelo instinto, pois elas não são dotadas de inteligência, não foram a escola, não tem leis escritas e nem aulas de boas maneiras. Deste modo exibem esse comportamento como resultado do seu instinto, principalmente o da preservação, não esperando obter vantagem sobre suas iguais. Enquanto isso os homens exibem este comportamento racionalmente, pois são dotados de inteligência, educação, bons modos, vivência em sociedade organizada por meio de leis e padrões de boa conduta. Mesmo assim, em determinados momentos, exibem comportamentos puramente instintivos, com o agravante de que o fazem, racionalmente, para obter vantagem sobre seus pares. Portanto, em termos de comportamento perdemos até para as galinhas.

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