A proposta ao redigir este blog, Opinião, um texto para ler, avaliar, criticar e se posicionar, por meio de atitudes!, é de abordar assuntos que vão desde temas ambientais, profissionais e pessoais, deixando uma mensagem crítica com relação a eles e expressado mais uma de nossas FACETAS!
Não se pretende por meio da coluna obter apoio, muito pelo contrário, busca-se a avaliação, a crítica e o posicionamento dos leitores frente ao tema, exercitando a cidadania no ato de repensar nossas atitudes, fazendo com que cresçamos como pessoas. Além das críticas, sejam elas favoráveis ou contrárias a idéia apresentada no texto, o importante é que a leitura da coluna resulte em atitudes afirmativas frente ao problema tratado.
Pensar diferente não é o problema, o problema é não pensar!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Poder, a estupidez estampada no rosto das pessoas

Moacir Jorge Rauber
Sempre que acompanho uma reportagem televisiva, vejo fotos em jornais e revistas captando os momentos “históricos” de uma organização, de uma vila, de uma cidade, de um estado ou de uma nação, vejo expresso estampada a estupidez que representa o poder para o ser humano nos rostos das pessoas que participam destes momentos. E a humanidade, por meio de suas instituições e de seus indivíduos, não se farta de produzir ocasiões históricas para atender a ânsia de poder das pessoas que ocupam posições de destaque, seja na esfera pública ou privada.

Tome-se como exemplo uma cerimônia de formatura de um curso superior, onde somos ensinados a continuar produzindo um modelo de momentos históricos. Cria-se um mundo fantasioso no entorno de uma formatura, o fim de um ciclo de indivíduos, jogando-se sobre eles a responsabilidade de continuarem a produzir momentos históricos em suas vidas e em suas profissões. Deste modo, esse modelo se replica nas inaugurações de pontes, de creches, de hospitais, de ginásios de esportes, de fábricas, enfim, em todos os eventos, envolvendo a iniciativa pública ou privada. Como resultado, diariamente presenciamos um sem número de “autoridades” conduzindo cerimônias, reproduzindo jargões como “Esse é um momento histórico na vida desta...”. Dizem-no como se realmente acreditassem nisto, como se o momento não fosse apenas de vanglória pessoal, com a pretensão de marcar a sua passagem pela instituição. Por fim, com muito mais ufania vemos o próprio presidente da república jactando-se em todos os lugares onde lhe passam a palavra ao repetir exaustivamente “Nunca antes na história deste país...”. Com tantos momentos históricos seria no mínimo exigível que a humanidade já estivesse num patamar mais elevado de convivência ambiental e justiça social.

Logicamente que esse comportamento não é prerrogativa daqueles que ocupam os cargos de poder, porque se trata de uma característica quase que inerente ao ser humano resultado de nosso modelo social. Quem já não foi levado a acreditar que participava ou mesmo que promovia um momento histórico? Quantos de nós não traz na lembrança a participação em alguma passeata, em algum movimento ou mesmo numa campanha política como se realmente tivesse sido algo de suma importância? Em muitos casos o foi, mas certamente foi muito mais importante para cada um individualmente nas suas memórias do que de resultados efetivamente alcançados. Caso você tenha alguma foto deste momento, auto avalie-se, veja a expressão de seu rosto e verá a satisfação produzida por esse momento fugaz de sensação de poder. Quem sabe com isso não conseguiríamos ter nosso nome imortalizado numa rua, numa praça? Mas de que vale essa imortalidade? De que vale para “o” Machado de Assis ter seu nome na Academia dos Imortais? Ele, como pessoa que se importa, que sente, que ama, que deseja, enfim, que almeja já morreu, não representando mais nada todas essas homenagens póstumas. Mais valem as nossas lembranças e memórias de uma vida digna baseada num comportamento ético, do que homenagens póstumas eternizadas num imaginário tributo ao poder.

Portanto, buscar a imortalidade em formas fugazes de prazer proporcionadas pela vã ilusão do poder se revela a ignorância do pretendente. Avalie Hugo Chavez, George W. Bush e outros mandatários, olhando as fotos, vendo as reportagens e perceba como está estampada nos seus olhos, no seu semblante a plena satisfação provocada pela sensação de poder presente naquele momento, representando toda a estupidez humana.

Nenhum comentário: